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27/05/2025

Paul Tournier e a Bíblia

 A igreja está na terra por causa da culpa, mas também, e principalmente, por causa da graça


Por José Cássio Martins 
 
Focalizar culpa e graça é como assistir a um eclipse. Há o lado claro e o lado escuro, seja num eclipse do sol, seja num da lua. Não penso tanto no eclipse total, e sim, no parcial. Podemos dizer que um eclipse é um jogo de chiaroscuro, como diriam os italianos. Esta é uma realidade comum da vida. 
 
A universalidade da culpa 
A culpa e a graça também fazem um jogo de chiaroscuro. Consideraremos a graça como a parte clara e a culpa como a escura. Em seu livro Culpa e Graça, Paul Tournier fala da universalidade da culpa. E esta universalidade é tão notória que cada cristão poderia contar sua própria história, uma história de noites sem sono, em oração e luta, como quem quer despir-se de uma espécie de camisa de força; uma luta em busca de paz. 
 
Existe um eclipse da graça no mundo e na igreja, e é preciso desfazê-lo. É urgente iluminar o lado escuro da vida humana. Na década de 50 presenciávamos, muito mais do que agora, o movimento chamado de avivamento e despertamento. A minha experiência, como a de muita gente, foi de que aquilo que poderia e prometia ser uma grande libertação era, de fato, uma prisão ainda mais forte, aumentando a pressão da culpa, o medo de um Deus punitivo, que exige uma retidão que Ele próprio sabe que ninguém poderá apresentar. Tudo isso resultava num sofrimento inigualável. Quantos e quantos ainda estão vivendo essa experiência terrível, sem perceber que o Deus da Bíblia não é nosso perseguidor nem inimigo, mas, sim, nosso grande e melhor amigo e Salvador! 

A experiência de quem conhece a graça divina é incomparável. Em 1965, tive a felicidade de conhecer Paul Tournier, então preletor visitante no Union Theological Seminary, em Richmond, nos Estados Unidos. 
 
Um belo dia estávamos, minha esposa e eu, no saguão do seminário, olhando o quadro de avisos, onde deparamos com um cartaz anunciando a presença do Dr. Tournier ali, já na semana seguinte. 
 
A cabeça calva só tinha cabelos dos lados. O rosto sereno e risonho, os olhos claros e brilhantes na foto que ilustrava o cartaz comunicava um "que" de acolhida, como se já prometessem contar algum segredo, e dos bons. E quando o homenzinho começou a falar, uma espécie de atmosfera espiritualmente perfumada nos envolveu. Sentimos que ele era instrumento de algo muito diferente que chegava para nosso espírito, para nossa alma. Em duas jornadas, falou do significado das pessoas e do significado e dinâmica da culpa, a verdadeira e a falsa. Ouvíamos aquilo pela primeira vez e foi como chuva no deserto, estimulando a volta da vegetação e da vida. 
 
A culpa pode ser chamada de "doença única", ou "pecado capital", uma vez que ela está por trás de praticamente todos os atendimentos terapêuticos e pastorais que se tem conduzido. Aparece nas formas mais variadas, em disfarces surpreendentes. Consciente, cáustica, ou inconsciente e esquecida, como mencionou o pastor Carlos Lachler, lá está ela. A pessoa se sente culpada e já nem sabe de que. É grande o trabalho de nos comunicarmos com a parte sã e livre que está por trás da culpa. Mas demos graças a Deus porque este lado são e livre lá está, à espera de resgate. 
 
Esta "doença única e universal" não é só questão de cliente psicológico. Também não é só de crente no gabinete pastoral. O terapeuta sentado à frente de seu cliente e o pastor-conselheiro diante de sua ovelha-consulente também não estão livres dela. Ninguém escapa! Estamos todos no mesmo barco. Se não, por que foi que Paulo se queixou de si mesmo em Romanos 7, dizendo não fazer o bem que queria, e sim, o mal que detestava? 
 
Por que o salmista pedia, no Salmo 139, que Deus o sondasse, conhecesse e guiasse? Por que teria Jesus nos ensinado, na oração-modelo, a dizer: “Perdoa-nos..."? 
 
Ler Paul Tournier é algo muito reconfortante, e ouvi-lo falar de suas próprias culpas, até mesmo das que não deveria sentir, é grande alívio para qualquer um de nós. Ele refere, por exemplo, a culpa do privilégio: ter um privilégio a mais do que alguém já pode produzir um senso de culpa. 
 
É a graça que nos faz encontrarmo-nos no mesmo patamar uns com os outros, que faz nossos corações se abraçarem e comunicarem alguma coisa nova. 

Em Êxodo 3 – o episódio de Moisés diante da sarça ardente – podemos observar que a experiência de Moisés com Deus foi uma entrevista terapêutica. Moisés não sentia apenas a angústia universal, existencial e sistêmica de que fala J. Harold Ellens em Graça de Deus e saúde humana 1. Ele era um fugitivo, culpado de um crime; doutra sorte não estaria ali, aturando aquele sol escaldante do deserto do Sinai, cuidando das ovelhas do sogro Jetro. Depois de matar o egípcio, Moisés fugiu pensando não ser seguido por ninguém. Mas alguém o seguiu sem que ele o notasse. Este alguém lhe deu um susto tremendo. O fogo, por sobre um arbusto verde, não causava nenhuma "destruição amazônica". O arbusto sequer murchava. Moisés chegou perto do arbusto... e veio o susto: o arbusto falou! Ainda mais, o arbusto falou com ele: "Moisés, volte já ao Egito para tirar meu povo de lá". Moisés quase teve um infarto ali mesmo no deserto. 
 
O projeto de Deus era, de fato, estranho: um homem culpado seria agente da sua graça! Esta é a importante vocação que devemos lembrar. A igreja está na terra por causa da culpa, mas também, e principalmente, por causa da graça. 
 
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